Classe Variante: Profeta da Areia (Oráculo)

Better to walk without knowing where than to sit doing nothing

Provérbio Tuaregue

Eras já se passaram sem que houvesse na desolada terra de Al-Gober alguém capaz de manifestar os poderes dos Aeons. Muitos acreditam que o deserto de areias negras é uma região abandonada pelos grandes espíritos, que se sacrificaram na batalha contra os Horrores Antigos. Mas para alguns andarilhos que vagam na imensidão devastada, os Aeons não estão mortos, nem aprisionados nem tampouco adormecidos. Eles ainda sussurram suas vozes no vento do deserto, em uma língua há muito esquecida, e sua força está presente em cada grão de areia espalhado na imensidão.

Figuras enigmáticas e quase sempre solitárias, os Profetas da Areia vagam em uma eterna peregrinação pela aridez, procurando vestígios que vão além de ruínas e lendas. A viagem empreendida por eles é uma profunda busca espiritual, não apenas no deserto mas também no interior de suas próprias almas. E é também uma penitência, visto que as privações pelas quais esses oráculos passam deixam muitos viajantes experientes assombrados.

O tratamento dado a esses profetas varia bastante entre aqueles que os encontram. Alguns os veneram como sábios. Outros os enxergam com desconfiança, por seus misteriosos augúrios e por sempre surgirem do nada em eventos importantes, observando a distância. Os profetas dizem apenas deixar-se guiar pela própria intuição e pelos sinais deixados pelos espíritos do deserto. É fato que existem charlatães que se passam por esses oráculos, se aproveitando da ausência de algo em que acreditar dos habitantes de Al-Gober. Outros são na verdade porta-vozes de forças sombrias que seduzem e enganam aqueles que buscam a verdade mas não possuem força de vontade para tanto. Sem ter consciência disso, alguns desses arautos das abominações esquecidas sob a areia podem arrastar uma tribo inteira para a ruína.

Os verdadeiros profetas da areia nunca deixam de seguir sua incessante jornada em busca de uma esperança para Al-Gober, conduzindo seus pés até os pontos mais inóspitos do deserto, onde nenhum outro homem tem coragem de se aventurar. Seus mantos azuis os protegem dos espíritos vis que espreitam na escuridão, e eles contam com a ajuda do próprio solo árido onde pisam, em que acreditam estar fragmentados seus Aeons. Capazes de feitos incríveis, eles manipulam a areia ao redor como extensões de seu corpo, e viajam sobre as dunas como se caminhassem sobre o vento. Entretanto, o maior poder que reside nesses peregrinos é o de suas palavras, capazes de tocar o coração mesmo daqueles que tiveram toda a fé arrancada pelas duras provações impostas pelo Deserto das Dunas Negras.