quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Mavi, a Capital do Califado


Surgindo em meio ao Planalto da Lua, as torres azuladas da cidade de Mavi são uma visão mágica em meio a aridez que domina a paisagem. Com suas cúpulas, domos e inúmeras janelas retangulares que iluminam a noite, a capital do califado é o ponto de encontro de todas as caravanas que atravessam o deserto.


Pelas ruas estreitas, que formam um labirinto caótico e misterioso para os forasteiros, surgem mercados de especiarias, camelos, ouro, perfumes, tapeçarias e poções de Jezirat e peças de seda de Ming, além de itens de terras ainda mais distantes. Pelas ruas, dervixes e encantadores de serpentes exibem seus talentos juntando multidões. As casas de ópio estão proibidas em Mavi desde que os conflitos com Ashrani se intensificaram, e qualquer mercador da nação dos elefantes é visto com desconfiança.

Outra coisa que chama a atenção dos visitantes são os imensos canos de latão do sistema de distribuição de água da cidade. Eles serpenteiam e cortam toda a cidade, ora mergulhando sob as ruas, ora surgindo junto as muralhas ou se reunindo em imensas caixas d'água. São esses canos que alimentam as oficinas dos Engenheiros de Mavi, onde são aquecidos a temperaturas altíssimas, deixando escapar jatos de vapor entre suas frestas. Nesses pontos os Engenheiros costumam fazer manutenções constantes, usando máquinas parecidas com aranhas mecânicas para escalá-los.

No centro da cidade, o Palácio de Mavi pode ficar á sombra das construções da lendária Vahadine, mas não deixa de ser imponente com sua imensa cúpula dourada cercada por um círculo de torres brancas. Dizem que a própria senhora dos Ifrits, aquela que fez o pacto com o líder de Aswad, ensinando que a força não está em ser imortal mas em não temer a morte, protege o Palácio, junto a um cortejo de gênios do fogo. A Senhora dos Ifrits, Ra'idah, é descrita como uma bela e majestosa mulher de olhar feroz e longos cabelos vermelhos. Ela governa o lugar junto ao Califa Misbah, um homem austero e viúvo que recentemente perdeu seu filho mais velho em uma emboscada na fronteira com Ashrani, e se viu obrigado a colocar a responsabilidade de adequar como herdeiro seu outro filho Mash'al, que embora consiga empenhar com habilidade e obediência seus deveres, não possui ainda a coragem necessária de um líder.

Caminhando sempre atarefados, por vezes carregando pesadas caixas ou conduzindo guindastes a vapor, os Engenheiros de Mavi são facilmente reconhecidos nos mercados ou nas proximidades das fábricas e arsenais do Palácio. Esses sujeitos com uniformes vermelhos e negros e óculos de couro são inventores, mecânicos e armeiros que representam a instituição mais famosa da cidade, cujo símbolo é um escaravelho de asas abertas com engrenagens no lugar do abdômen. Famosa em todo o mundo, a instituição é antiga e começou já na época da guerra contra Iblis, quando os Ifrits e os Dragões ensinaram a tribo de Aswad a manipular os metais de maneira mais eficiente, ganhando assim uma vantagem militar. Não satisfeitos apenas com os golens de latão (que são reverenciados atualmente como relíquias do passado, alguns ainda atuando na defesa da cidade), eles com a impetuosidade digna da tribo continuaram a buscar maneiras de aprimorar suas armas contra a tribo inimiga, encontrando aliados na alquimia de Jezirat e na pólvora de Ming. Após a expulsão da tribo de Iblis, os Engenheiros se formalizaram como um grupo e passaram a direcionar suas pesquisas para fins mais pacíficos, ajudando na edificação de Mavi, principalmente no que diz respeito ao conhecimento usado nas construções e na obtenção e distribuição de água na cidade, algo que apenas uma tecnologia avançada poderia conseguir de maneira eficiente em uma terra inóspita como Sharesukteh. Atualmente o grupo trabalha principalmente na extração de minérios do Planalto, tentando encontrar uma maneira de aproveitar as riquezas naturais sem esbarrar nos túneis infestados de ghûls. Representantes dos Engenheiros costumam observar os estrangeiros em Mavi, e quando percebem alguém promissor no campo das ciências que utilizam, se aproximam oferecendo uma troca de conhecimento ou mesmo um lugar entre a guilda de inventores. Acredita-se que experimentos que mais tarde inspiraram a criação da raça artificial conhecida como Clockworks tenham sido realizados pelos Engenheiros. Clockworks que buscam uma maneira de entender melhor sua origem as vezes atravessam o deserto em busca das oficinas de Mavi.

Nômades encapuzados, últimos remanescentes da tribo de Balkis, buscam alguma esperança vagando desnorteados pelo lugar onde restam apenas histórias de seu antigo império de Vahadine. Rumores falam que alguns desses sobreviventes são portadores de estranhos poderes e maldições, escondendo estigmas de magia e deformações ressecadas sob suas pesadas vestes. Isso faz com que eles sejam alvo de desconfiança e até de agressões por parte de moradores menos tolerantes. Apesar de terem inimigos em comum, como os descendentes de Iblis e invasores estrangeiros, a tensão entre as Tribos de Aswad e Balkis tem se tornado maior com a chegada de mais nômades a cidade, e rumores de que eles estariam se agrupando em esconderijos nos rochedos do Planalto e das Dunas, formando comunidades comandadas por oráculos e comungando tanto com as forças naturais do deserto como buscando respostas nas areias amaldiçoadas do Lago de Poeira.

Além dos Ifrits, os patronos principais de Mavi são um trio de Aeons irmãs: Mitra, a sábia e bela juíza; Uzza, a graciosa guerreira protetora; e Manat, a anciã que rege o destino, segurando uma ampulheta. A cultura de Al-Dasht não ergue estátuas ou ídolos em homenagem aos Aeons, e gravuras são aceitas apenas como trabalhos artísticos, não como símbolos sagrados. Além das três irmãs, há o casal de Aeons gêmeos patronos do exército: Shahar, a estrela da alvorada, e Shalim, a estrela do anoitecer. O patrono dos Engenheiros de Mavi é Kothar, o artesão mágico. Os clérigos de Kothar são os responsáveis por construir os magníficos golens e corcéis de latão. Outros Aeons de Mavi são Eshmun, o curandeiro; e Melkart, patrono da força e heroísmo.

Nos becos escuros os Hashashin, mercenários especializados em missões que envolvam assassinatos e execuções, aguardam por aqueles que possuam dinheiro ou influência suficiente para contratá-los. A guilda de matadores parece possuir seus próprios objetivos além do lucro, embora não os revele a ninguém. Pelo menos dois Assassinos possuem uma extensa (má) fama na cidade, um homem delgado e canhoto que porta uma cimitarra e outro de idade avançada que utiliza uma pesada arma de pólvora, com a potência de um pequeno canhão.

Nos subterrâneos de Mavi, galerias escondem templos em ruínas e antigas bibliotecas. Esses locais abandonados escondem algo mais do que bandidos e sem-teto. Um clã inteiro de vampiros, os Ubyr, se abrigam nesses locais, saindo a noite para desafiar o poder dos gênios. Outra presença noturna são os paladinos de Mavi. Para aqueles acostumados aos graciosos defensores sagrados de outras nações, a visão desses soturnos soldados celestiais, seguidores do caminho conhecido como Jyhad, pode ser surpreendente.

No maior mercado da cidade, uma grande livraria decorada com cercas vivas chama a atenção dos passantes. Dentro dela, Ayah, uma bela e culta mulher de pele escura tatuada, recebe os visitantes com hospitalidade, contando histórias e falando sobre seu marido, um cronista desbravador de Rosetta que sempre lhe envia novos manuscritos sobre os locais distantes que visita. Ela vive junto com sua hóspede, uma estrangeira de traços delicados com olhos púrpura e longos cabelos negros, que costuma evitar o movimento no local e as vezes fala com tristeza sobre seu filho perdido.

Muitas coisas curiosas acontecem pelas intricadas vielas de Mavi. Caixeiros viajantes de diferentes lugares falam sobre suas longas viagens até a cidade. A fumaça de narguilés serpenteia pelas janelas de pequenas casas de chá. Histórias falam sobre uma estalagem mantida por um dragão de latão em algum recinto escondido do mercado, onde velhos companheiros de guerra se reúnem, mas nem todos são afortunados de encontrá-la.

2 comentários:

  1. Deu pra visualizar com clareza. Achei muito interessante principalmente a parte dos engenheiros... A descrição das roupas... Do símbolo e os trabalhos... Dá pra viajar bastante e se sentir lá, na cidade.

    Curti.

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  2. Ahhhh, boas histórias sempre nos fazem querer que fosse possivel aventuras como essas! Sério mesmo! Mas me alegor em pode ao menos ler! :)

    Longos dias e belas noites!

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