sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O Califado de Al-Dasht



Localizado no extremo oeste do continente de Balthazir, ficam as ensolaradas terras do Califado de Al-Dasht, que se divide em duas regiões: o Deserto de Sharesukteh e o Sultanato de Jezirat-Tennyn.

Originalmente formado por quatro tribos nômades, Al-Dasht se tornou um poderoso império com a ajuda das quatro castas mais poderosas de gênios do Aether: os Djinn, gênios do ar; Ifrit, gênios do fogo; Marid, da água; e Shaitan, os gênios da terra.

Segundo conta a tradição do Califado, após enfrentarem os perigos e intempéries das áridas terras de Sharesukteh por cinco gerações, os sacerdotes e sábios das quatro tribos receberam uma visão pedindo que todos os nômades se reunissem no Planalto da Lua, no centro do deserto. Lá cada líder das tribos encontrou um representante de uma das castas de gênios, que para recompensá-los pelos esforços e para firmar uma união entre as tribos e aquela terra regida por eles, ofereceram seus poderes na forma de um desejo.


Segundo a lenda, Iblis, líder de ambiciosos mercadores cujas caravanas negociavam com povos de terras além do deserto, comercializando marfim, seda e ouro com Ashrani e Ming, foi aquele que encontrou o representante dos Shaitan, que sentiu nele a determinação e orgulho de seu próprio povo. Iblis desejou ao Shaitan uma fonte de riquezas inesgotável e escravos que nunca se cansassem. O gênio fez com que se abrisse aos pés do Planalto da Lua uma mina onde veios de metais e pedras preciosos surgiam aos olhos como a água de uma nascente. Dentro da mina estavam os escravos incansáveis de Iblis, criados a partir de corpos de pessoas soterradas. Dizem que estes foram os primeiros carniçais a pisar sobre a terra, sendo chamados de ghûls, e tendo suas vontades submetidas aos nômades mercadores. Porém, nem mesmo tamanha fortuna foi capaz de conter a ambição de Iblis, que lançou seu olhar sobre as outras tribos. Durante o conflito que se seguiu, seu povo acabou sendo derrotado e exilado, fugindo para as selvas de Ashrani e depois para outros lugares. Quanto aos ghûls, sem senhores eles passaram a vagar pelo que restou das minas, as transformando em um lugar assombrado e perigoso.

Sharyar, líder de um povo engenhoso que através de seus magos e artesãos criava maravilhas como tapetes voadores e olhos da lua, que estudava as estrelas e que sonhava em conhecer as terras além do deserto e suas imediações, encontrou o representante dos Marid, e transmitiu a ele o desejo dele e de seus súditos. O gênio das águas deu aos curiosos exploradores uma magnífica frota de sete navios, que podiam navegar tanto sobre as ondas como sobre o vento através de sua mágica, permitindo aos nômades cruzar as terras acidentadas além do Planalto da Lua. Nestas lendárias embarcações Sharyar e seus seguidores viajaram até as Ilhas de Jezirat, onde estão até hoje.

Aswad, senhor da tribo mais guerreira entre as quatro, cativou a representante dos Ifrit com a coragem e presença de espírito de seu povo, que havia vencido inúmeras batalhas contra invasores de Ashrani e bandidos renegados das tribos. Nem mesmo os gigantes do sol ou os vormes da areia eram capazes de fazer frente aos sabres dos intrépidos nômades. E quando recebeu o desejo do homem, a gênio do fogo teve uma certeza ainda maior da audácia que o havia atraído. Aswad desejou que seu povo fosse imortal. A Ifrit sabia que era um pedido perigoso, mas era astuta para encontrar uma solução sem desprezar toda aquela bravura. Então ela conduziu o líder até as florestas na parte oeste do Planalto, e lá lhe mostrou o lugar onde os belos pássaros conhecidos como fênix faziam seus ninhos. Então ela lhe contou que enquanto restasse um único daqueles pássaros, a linhagem dos nômades de Aswad jamais seria extinta. Maravilhado com aqueles seres capazes de retornar de suas próprias cinzas, ele entendeu a sabedoria da Ifrit e o desejo foi consolidado. Desde então, nada foi capaz de apagar a chama daqueles que atualmente governam Al-Dasht.

O destino da última tribo, a tribo de Balkis que encontrou com o Djinn, é o mais misterioso e mais terrível até mesmo do que a derrota do povo de Iblis. Conta-se que os nômades de Balkis eram os mais nobres e altivos, e que o desejo de sua líder foi o de governar sobre os demais povos do deserto. O Djinn concedeu a ela a Cidadela de Vahadine, um lugar de proporções colossais no alto do Planalto da Lua, cujas descrições são variadas mas sempre impressionantes no limite do absurdo. Pontes e jardins suspensos se retorciam ao redor de torres reluzentes que quase chegavam aos céus, dirigindo o olhar a um palácio que não poderia ser feito por mãos humanas em menos de um milênio. Por mais cinco gerações do alto dessa construção surreal os descendentes de Balkis reinaram, até que um evento obscuro fez com que toda a cidade e o palácio desaparecessem em um arremedo assustador de fúria elemental. Os motivos pelo qual tal catástrofe aconteceu até hoje são incertos, mas todos os livros e relatos contam a mesma coisa: que ao soprar de um vento de força jamais vista, toda a cidade e o palácio se transformaram em pó, desvanecendo em uma nuvem que se assentou na margem oriental do planalto, formando o lugar amaldiçoado e proibido conhecido como o Lago de Poeira.

3 comentários:

  1. Essa temática voltada para a cultura Árabe é carismática. Dá pra visualizar bem a imagem de personagens e ambientes, além de ser algo pouco explorado atualmente. Gostei.

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  2. Adorei, ficou muito criativo, Bardo e bem escrito também *-*

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  3. Quando ouço algo sobre Árabes e desertos sempre me vem à mente a figura de Abdul Alhazared!


    Longos dias e belas noites!

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