quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Chakana, a Cidade dos Sonhadores


Em meio a um grande lago sagrado nas Montanhas do Mar de Neblina, uma grande ilha abriga Chakana, a capital de Andina e a cidade localizada em maior altitude no mundo. Surgindo em meio a neblina e o ar rarefeito, Chakana parece ser a primeira vista um lugar pacato, com ruas estreitas e casas coloridas, onde circulam principalmente os nativos com seus ponchos, gorros e flautas de madeira. Mas por trás deste simpático entreposto de criadores de lhamas, se esconde um lugar com mistérios assombrosos, que parecem reunir todo tipo de estranheza já vista ao redor do mundo.


Chakana foi construída pelos nativos séculos atrás, durante uma série de catástrofes climáticas que assolou as terras mais baixas das montanhas com tempestades e enchentes. Conduzidos por seus guias espirituais até as terras mais seguras no alto das montanhas, eles depois de uma longa subida encontraram o lago de águas profundas e azuis. Dizem que enormes gigantes de pedra, controlados pelos sacerdotes tribais com o poder dos Aeons, se ergueram das profundezas das águas para elevar a ilha e ajudar a construir a cidade, voltando ao leito profundo do lago após terminar o trabalho. Os xamãs que conduziram os primeiros habitantes passaram a administrar a cidade quando esta foi concluída, e seus descendentes mais sábios integram o atual Conselho do Condor, que rege as leis e questões importantes de Chakana.

Além dos xamãs e criadores de lhama, a cidade é conhecida por seus excelentes artesãos e músicos. A guarda que defende a cidade é uma visão pitoresca, com suas estranhas armaduras que misturam proteções de metal com adereços de madeira e penas, o que faz com que pareçam feras antropomórficas ferozes e bizarras, com características de puma ou pássaro. Essa guarda, junto com os pequenos grupos de místicos treinados pelo Conselho do Condor, tem sido de vital importância para manter a ordem na cidade, devido a presença cada vez maior de estrangeiros em busca das riquezas e segredos ocultos nas terras de Andina.

Entre esses estrangeiros, a presença mais preocupante é a de uma grande expedição de Windlan, que colonizou a Costa de Tekelili ao sul e agora estende seus olhos para Huakan, levando gigantescas máquinas de escavação através da selva, rumo a grandes campos de mineração nas Montanhas do Mar de Neblina, de onde são extraídos e levados diversos metais preciosos. Essas equipes de escavação abrem postos de trabalho em Chakana em busca de mão-de-obra barata, oferecendo aos nativos mais pobres uma pequena parte do ouro extraído em troca do trabalho forçado e miserável nas minas. Elas são lideradas por uma estranha mulher chamada Alexia Whiteroad, mais conhecida como "La Bruja". O Conselho do Condor vigia as atividades de Alexia com suspeita e preocupação, uma vez que, já sendo ruim a degradação trazida pelas minas, a major de Windlan parece ainda estar interessada em algo mais. Junto a uma equipe de magos e especialistas, ela investiga com curiosidade as estranhas ruínas anteriores aos nativos que despontam em vales escondidos das montanhas e pelo Deserto Uivante. E um dos objetos principais de seu interesse é uma estranha construção no centro de Chakana, que já estava lá quando a ilha de pedra que sustenta a cidade  foi erguida das águas.

Conhecida como Templum, a construção misteriosa, cuja arquitetura não pertence a nenhuma civilização  conhecida, é defendida com prioridade absoluta pelo Conselho do Condor, e nem mesmo eles sabem  com certeza qual a sua origem, embora saibam que ela possui um poder antigo que deve ser mantido longe da ambição humana. Rumores falam sobre estranhos espíritos, que alguns afirmam serem anjos, outros Aeons encarnados, que surgem a noite voando como fracas estrelas cadentes até o Templum, sendo cuidados pelos xamãs do Conselho, que fazem de tudo para manter estes espíritos longe de qualquer outro olhar mortal.

Só o que se sabe é que o Templum parece de alguma forma moldar os sonhos de todos aqueles que vivem em Chakana. As paisagens surreais e formas caóticas no início assustavam os nativos, mas hoje fazem parte de sua cultura e sua arte, influenciando desde os padrões de suas roupas coloridas até a arquitetura de praças  e prédios públicos. Na Academia de Arte de Andina, a organização de Chakana mais conhecida mundialmente, escultores e pintores moldam formas oníricas em obras que no exterior são discutidas calorosamente em escolas e galerias de arte. Porém, esses inusitados quadros e estátuas não atraem somente os interessados na arte. Sob o véu da materialidade, Chakana é um dos locais que mais atraem viajantes astrais e oniromantes, e com seus obscuros segredos pode se tornar o olho da tempestade que está se formando no Aether.

Um comentário:

  1. Mas que belo. A leitura se desenrola de maneira sutil. Parabéns.

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